BILHETE POSTAL
Por Eduardo Costa
Infelizmente, é notícia a palavra de um governante que cumpre o que promete. Não devia ser.
Ouvimos há dias o ministro da Economia e Coesão no Parlamento a mostrar que havia conseguido que os prazos dos projetos dos Fundos Europeus estavam a ser rigorosamente cumpridos.
Enquanto jornalista, quisemos saber da verdade dessa afirmação. Confirmamos.
Um dos piores ataques à democracia não vem de partidos, à esquerda ou à direita. Vem do desrespeito dos políticos eleitos pelo povo que os elegeu. Praticamente todos juram que vão governar para as pessoas. Vendem a ideia de que cada pessoa, cada empresa, cada organização da sociedade civil é importante. Quando chegam ao poder, juntam os dez milhões e tratam-nos como um rebanho.
Há poucos meses disse, perante uma assembleia de cerca de 200 representantes de jornais: ‘quando sou recebido nos edifícios governamentais em Lisboa, sinto-me como uma criança, a quem dão mimo, tratam com enorme carinho e criam a expetativa de que o que solicito será atendido. Viradas as costas, nem se lembram do que prometeram. Afinal, é só uma criança, entre centenas de milhar’.
Descumprindo a expetativa criada, justificam com dificuldades encontradas, que não previam. Assim acham, ingenuamente ou descaradamente, que nos convencem. Nós, são os que dizem: “mais um político aldrabão, são todos iguais”.
Por isso, infelizmente é notícia um governante que se empenha e cumpre a palavra. O ministro Castro Almeida provou no Parlamento o empenho e capacidade para cumprir a expetativa que criou: cumprir os prazos na gestão dos Fundos Europeus. Um exemplo que não devia ser notícia.
Eduardo Costa, jornalista, presidente da Associação Nacional de Imprensa Regional
(Este artigo de opinião semanal é publicado em cerca de 50 jornais)