BILHETE POSTAL
Por Eduardo Costa
Tem de haver culpados na Alemanha pela dependência energética da Rússia? E consequentemente de todos nós?
Falo da decisão dos líderes alemães de fomentarem a quase totalidade da dependência energética da Rússia, desde o início deste século. No ‘julgamento’ que está a acontecer na Alemanha, o anterior chanceler Olaf Scholz teve a honestidade de reconhecer que “foi um erro”.
Em causa está apurar se uma fundação alemã, responsável pela gestão do investimento para concluir o segundo gasoduto, foi financiada pela Rússia.
O primeiro gasoduto foi decidido pelo ex-chanceler (1998-2005) Schröder, que assinou a sua construção. E aqui começaram os indícios de corrupção grave. Schröder veio a assumir altos cargos em estatais russas de gás. No seu 70.º aniversário, celebrado em São Petersburgo, em 2014, quando a Rússia anexou a Crimeia, classificou Putin como um “democrata impecável”.
Mesmo depois da invasão de território ucraniano, a Crimeia, em 2014, o segundo gasoduto foi decido pelo governo da chanceler Angela Merkel. Esta afirma não estar arrependida da sua decisão. Não merece comentários.
Após a invasão total da Ucrânia em 2022, os dois gasodutos foram sabotados. Atrevo-me a parabenizar os seus autores.
Não queremos fazer o cálculo de como estaríamos, hoje, com a maior economia europeia a depender da Rússia e, por consequência, toda a UE.
A corrupção faz estragos ao dia a dia do cidadão comum. Tem de ser combatida com todos os instrumentos.
Eduardo Costa, jornalista, presidente da Associação Nacional de Imprensa Regional
(Este artigo de opinião semanal é publicado em cerca de 50 jornais)